Resumo para Leigos: Transcendendo as Ideologias (Visões e Ilusões Políticas)
Resumo
Este é um resumo em linguagem simplificada sobre o capítulo 6, chamado “Transcendendo as Ideologias” do livro “Visões e Ilusões Políticas”, de David Koyzis. Você pode adquirir o livro clicando aqui para a versão física e aqui para a versão de Kindle.
Em poucas palavras, a ideia principal do capítulo é que os cristãos devem transcender as ideologias políticas do mundo (como liberalismo, socialismo, nacionalismo), que são fundamentalmente idólatras e reducionistas, adotando uma abordagem fundamentada na visão de mundo bíblica de “Criação, Queda e Redenção”.
Essa visão de mundo leva ao reconhecimento de uma “pluriformidade social”, onde as diversas áreas da vida (família, Estado, igreja, etc.) possuem integridade e autoridade próprias debaixo da soberania de Deus, oferecendo uma alternativa ao monismo (sistema de ideias em que tudo o que existe se reduz somente em um único princípio, estando tudo ligado) das ideologias, que elevam uma parte da criação ao status de divindade.
Para Além da Esquerda e Direita
Imagine que você está em uma sala com duas caixas de ferramentas: uma chamada “Esquerda” e outra “Direita”. Muita gente acha que, para consertar os problemas do mundo, você precisa escolher uma dessas caixas e usar apenas as ferramentas que estão dentro dela. O autor deste capítulo diz que essa é uma armadilha. A fé cristã, segundo ele, não nos entrega uma dessas caixas, mas nos dá a sabedoria para usar as ferramentas certas de qualquer caixa, e mais importante, nos ensina a não adorar a caixa em si.
O Problema: Por que as “Caixas” Políticas nos Enganam?
O autor começa explicando por que os cristãos se sentem tão perdidos na política. Existem basicamente três caminhos que muitos pegam, e todos são problemáticos:
- “Não me meto nisso”: Achar que fé e política não se misturam. O problema é que isso nos torna irrelevantes e deixamos que outras pessoas decidam tudo sobre o mundo em que vivemos.
- “Sou contra tudo”: Ver o mundo político como inimigo. O problema é que, ao nos isolarmos, ignoramos as coisas boas que podem ser feitas e entregamos o “campo de jogo” para os outros.
- “Visto a camisa de um time”: Tornar-se um “cristão de direita” ou um “cristão de esquerda”. Este é o maior perigo, e o foco do capítulo.
O autor argumenta que as ideologias políticas (liberalismo, socialismo, conservadorismo, etc.) funcionam como religiões falsas. Elas pegam uma ideia boa e a transformam na única ideia importante, quase como um deus.
Pense numa receita de bolo. Ela precisa de farinha, ovos, açúcar e fermento. Todos são importantes. Uma ideologia é como alguém que diz: “Açúcar é a coisa mais importante! O bolo perfeito é feito 100% de açúcar!”. O resultado é algo desequilibrado e que faz mal.
- O liberalismo pega a “liberdade individual” (o açúcar) e a transforma no único ingrediente.
- O socialismo pega a “igualdade econômica” (a farinha) e a transforma no único ingrediente.
- O nacionalismo pega a “nação” (o fermento) e a transforma no único ingrediente.
Quando um cristão “veste a camisa” de uma ideologia, ele corre o risco de começar a adorar o ingrediente em vez de adorar a Deus, o criador de todos os ingredientes.
A Solução Cristã: Uma Visão Panorâmica da Realidade
Se não devemos escolher uma caixa, o que fazemos? O autor propõe que usemos “óculos” especiais para enxergar o mundo. Esses óculos têm três lentes:
- Lente 1: Criação (Como as coisas deveriam ser) Deus criou o mundo bom e organizado, com diferentes áreas da vida, cada uma com seu próprio propósito. A política faz parte desse plano original.
- Lente 2: Queda (O que deu errado) O pecado bagunçou tudo. Não apenas as pessoas, mas também os sistemas, a economia e a política. Tudo está “enferrujado” e não funciona como deveria.
- Lente 3: Redenção (Como Deus está consertando as coisas) Jesus não veio apenas para salvar nossas almas para o céu. Ele veio para começar a “desenferrujar” o mundo inteiro, incluindo a política. Nossa tarefa é participar desse conserto.
A Grande Ideia: “Cada Macaco no seu Galho” (Pluriformidade Social)
Com esses óculos, enxergamos a sociedade de uma forma diferente. Em vez de ver tudo dominado por uma única coisa (o Estado ou o Indivíduo), vemos que a sociedade é como um carro, onde cada peça tem uma função vital e diferente:
- A família é como o chassi do carro, dando a estrutura básica.
- O governo (ou Estado) é como o volante e os freios. Ele dá direção e impõe limites para garantir a segurança de todos na estrada (justiça pública), mas não é o motor nem o destino da viagem.
- As igrejas são como o GPS, nos lembrando do nosso destino final e dos princípios morais para a jornada.
- As empresas e a economia são como o motor, que gera a energia para o carro andar.
- As escolas, artes e clubes são as outras partes que tornam a viagem rica e funcional.
O erro das ideologias é fazer uma peça tentar ser o carro inteiro. O socialismo radical e o fascismo fazem o “volante” (o Estado) querer ser também o motor, o chassi e o GPS. O liberalismo radical faz o “motorista” (o indivíduo) agir como se as outras peças não importassem.
A visão cristã diz que uma sociedade saudável é aquela onde cada peça cumpre bem a sua função, sem invadir a função da outra. O governo não deve ditar como uma família cria seus filhos em amor, e a igreja não deve tentar governar o país.
E na Prática? O que Isso Significa para Mim?
Essa abordagem não nos torna “isentões” ou apáticos. Pelo contrário, nos torna cidadãos mais sábios e eficazes. Significa que podemos:
- Apoiar uma boa ideia, não importa de onde venha: Podemos concordar com uma política de livre mercado (geralmente associada à direita) se ela ajudar o “motor” da economia a funcionar bem, e ao mesmo tempo apoiar uma rede de segurança social (geralmente associada à esquerda) se ela cumpre o papel do Estado de proteger os mais vulneráveis.
- Criticar a idolatria em todos os lados: Podemos criticar a direita quando ela transforma o mercado ou a nação em um ídolo, e criticar a esquerda quando ela transforma o Estado ou a igualdade absoluta em um ídolo.
- Manter nossa lealdade final em Cristo: Nossa identidade principal não é “de direita” ou “de esquerda”, mas “cristã”. Isso nos dá a liberdade de pensar criticamente e não seguir cegamente nenhum líder ou partido político.
No fim, o objetivo não é se afastar da política, mas se engajar nela de uma forma mais madura e fiel, trabalhando para que cada “peça” da nossa sociedade funcione da melhor forma possível, para a glória de Deus e o bem de todos.